O DNA de Pelé está oficialmente no São Paulo. Nesta quarta-feira, Otávio Felinto Neto, de 12 anos, e Gabriel Arantes do Nascimento, de 10, conheceram o CT do Tricolor em Cotia e assinaram contrato com o clube paulista. Inspirados no são-paulino Lucas e no santista Neymar, os dois mostraram discurso de gente grande.
A começar pela relação com o avô. Pelé, na verdade, não tem vínculo afetivo com os garotos, filhos de Sandra Arantes do Nascimento Felinto, reconhecida como filha do Rei do Futebol em 1996, após longa batalha judicial (vítima de câncer, ela morreu em 2006). Otávio, por exemplo, dribla bem o assunto.
- Que neto não quer conhecer o seu avô, né!? Tivemos um contato rápido com ele apenas uma vez, mas ele é um homem muito ocupado. Se muitas vezes não tem tempo para os filhos, como que vai ter para os netos? – questionou Otávio, conformado com a distância entre ele e Pelé.
Os meninos tiveram apenas um contato com o avô. Foi em 2009, quando Pelé esteve em Curitiba para a inauguração de um hospital. De lá para cá, nenhum telefonema. Mas segundo o empresário Wagner Ribeiro, responsável pelo contrato com o São Paulo, o DNA do Rei já ajudou os garotos.
- O Pelé não ajudou diretamente os meninos, mas indiretamente, sim. Eu jamais conseguiria colocá-los no São Paulo, sem a necessidade de um teste, caso eles não fossem netos de quem são. Eu sempre digo que o futebol é 70% de talento e 30% de DNA – discursou Ribeiro, que também cuida dos interesses de Neymar e Lucas.
As duas sensações do futebol brasileiro na atualidade são os ídolos de Otávio e Gabriel. Esse último, porém, diz ser mais parecido com Paulo Henrique Ganso.
- Os jogadores que mais gosto são o Lucas, do São Paulo, e o Neymar, do Santos. Do Lucas eu gosto da velocidade, e do Neymar eu curto que ele não tem medo de ir para cima. Mas meu estilo está mais para Paulo Henrique Ganso, só que eu dou meus passes com a perna direita – declarou o meia Gabriel.
Aliás, por qual motivo Wagner Ribeiro não escolheu o Santos como palco para a formação dos netos de Pelé? Segundo o empresário, por precaução.
- Até poderia ter escolhido o Santos, mas eu achei que a pressão nos garotos, por serem netos de um mito, seria grande demais – acrescentou o empresário.
No São Paulo, os dois terão toda estrutura necessária para formação como atleta. Além disso, o clube do Morumbi vai custear a moradia e os estudos da dupla (amadores, eles ainda não terão salário). Quando completarem 14 anos, serão automaticamente federados. E com 16 assinarão contratos como profissionais.
- Fiquei impressionado com a estrutura do São Paulo. Eu levo esses garotos para jogar futebol desde os três anos de idade e nunca tinha visto algo parecido. Eu senti que em Cotia o sonho deles de se tornarem jogadores profissionais de futebol pode virar realidade – comentou Ozéas Felinto, pai dos garotos.
Otávio e Gabriel reconhecem a importância de serem netos de Pelé. Mas nenhum deles quer usar isso como muleta. Pelo contrário.
- Não adianta apenas ser neto do Pelé para ser profissional. A carreira não é feita assim. Nós temos de ralar também. É claro que o nome dele ajuda, mas queremos ser jogadores profissionais com nosso próprio esforço – falou Gabriel.
O mais velho, de 12 anos, pensa igual. Mas também não deixou de ver os lances do avô e o filme que conta sua história. Inspiração nunca é demais.
- Eu já assisti ao filme “Pelé Eterno” e gostei. Se eu puder fazer 10% do que ele fez já está bom – brincou o atacante Otávio, que diz ter 100 gols na “carreira”.
Por determinação do São Paulo, os garotos não puderam ser fotografados na visita que fizeram ao CT de Cotia. Mas por lá eles conheceram tudo: campos, vestiários, alojamentos, refeitórios... Até completarem 14 anos, a dupla não pode morar no CT. Mas o Tricolor vai conseguir uma casa para eles lá por perto.
A primeira entrevista deles foi concedida no escritório do empresário Wagner Ribeiro, na zona sul de São Paulo.
Fonte : globo.com
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