Seleção de handebol se reúne em time na Áustria e sofre com idioma e vizinhos

Publicado  segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A seleção feminina de handebol vai ter de aprender a falar alemão. Por meio de um convênio firmado com a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), o clube austríaco Hypo vai servir como uma espécie de seleção feminina permanente, com oito brasileiras. No território estranho, as atletas sofrem com a cartilha do clube, os problemas com a língua e até com a chatice dos vizinhos.

As reclamações são em tom de brincadeira e conciliação. As meninas se mostram contentes com a companhia e com a possibilidade de treinarem juntas. A “república” vai disputar o Campeonato Austríaco, importante torneios regionais e, principalmente, a Liga dos Campeões da Europa de Handebol, contra as principais potências mundiais.
O contrato foi fechado no meio do ano, depois de meses de negociação. Dani Piedade, Alexandra e Francine, que já atuavam na equipe, receberam as compatriotas Ana Paula, Silvia Helena, Fernanda, Samira e Bárbara, sendo que outras duas, a serem escolhidas pela CBHb, ainda irão à Europa.
“Acho que é ótimo para elas. Eu estive lá há algumas semanas, conheci a estrutura, acompanhei os treinos, conversei com o técnico delas... Vamos crescer muito com essa parceria”, disse o dinamarquês Morten Soubak, técnico da seleção brasileira.
Em quase dois meses, no entanto, as novatas já sentem as diferenças. “Elas têm de aprender o alemão. Eu e a Dani, que estamos há mais tempo, já sabemos falar e ajudamos, traduzimos alguma coisa. Mas elas têm aulas com um professor particular e precisam aprender pelo menos o básico em um tempo determinado, senão recebem multa”, disse a ponta Alexandra Nascimento.
Só que às vezes o movimento dentro do vestiário é justamente o contrário. “Todas as outras meninas se dão bem com as brasileiras. A Benni [Bernadett Temes], uma húngara, fica até tentando aprender a falar português. Eu falo para ela que não pode, mas ela gosta e acha mais fácil”, conta a pivô Dani Piedade, aos risos.
As brincadeiras, aliás, também têm atormentado as brasileiras. O clube distribuiu entre elas uma cartilha com regras de conduta que vão desde o cuidado com a vestimenta (elas têm de se apresentar com o uniforme oficial) até a organização dos materiais pessoais.
“O nosso técnico [o húngaro András Nemeth] é muito rígido. A gente é brincalhona, dá muita risada. E as meninas estão sofrendo com isso, porque ele cobra mais disciplina, muito foco”, disse Dani Piedade.
Às vezes, a cartilha também se aplica ao dia a dia das brasileiras. A pivô conta que a lei austríaca exige que se faça silêncio a partir das 22h. O limite cultural, porém, já atormentou as meninas até em horários mais convencionais.
“Um dia a gente se reuniu para fazer um churrasco, com pagode e tal. E aí passou uma senhora pedindo para a gente abaixar o som. Eu respondi: ‘minha senhora, ainda são três da tarde, você não tem o direito de pedir isso’”, disse Dani Piedade, que sofre com um vizinho em especial que condena qualquer barulho após o anoitecer.
Até agora, o que as novatas não podem é reclamar é do tempo. No verão europeu, as brasileiras curtiram sol e temperaturas altas, mas as mais experientes com o país já avisam que essa não é a realidade.
“Agora é verão e aqui estava muito calor. É praticamente igual ao Brasil. Só que no frio aqui neva muito. Hoje fez 18ºC graus e elas já reclamaram. Quando eu cheguei em 2004 peguei -14ºC. 18ºC graus é calor”, disse Alexandra.
Todo o sacrifício, porém, tem um objetivo. Em outubro a seleção vai a Guadalajara disputar os Jogos Pan-Americanos. Favorita, a equipe quer o título para garantir sua vaga nas Olimpíadas de Londres, em 2012. No fim do ano, elas voltam ao Brasil para a disputa do Mundial feminino, que acontecerá em São Paulo. 

Fonte : uol.com.br

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