'Gigante' brasileira vira prodígio no tênis sem aderir a estilo Sharapova

Publicado  quinta-feira, 11 de agosto de 2011




Beatriz Haddad Maia dificilmente deixa de ser notada nas quadras de tênis. A altura de 1,84 m impressiona. A potência nos golpes e a subida à rede para volear também. Sem porte de modelo ou acessórios que chamem a atenção, ela só não é mais alta do que a musa russa Maria Sharapova quando tem a estatura comparada com as atuais representantes do top 10 profissional.
A própria tenista juvenil, que entrará no ranking profissional da WTA na segunda-feira após somar pontos em três torneios seguidos – regra da entidade – ficou impressionada quando jogou os torneios juvenis de Roland Garros e Wimbledon, tendo a oportunidade de ver de perto as melhores jogadoras do mundo e percebeu que está entre as 'gigantes' da modalidade.
“Estou grande! (risos). Desde pequena quando via pela TV, eu achava que elas seriam monstros, aí quando viajei para Roland Garros e Wimbledon vi a Na Li, o pessoal, e elas não são monstros. Elas são grandes, mas eu sou maior ainda. Eu até fiquei: ‘nossa, que grande que eu estou!'”, afirma Beatriz Haddad Maia, ou Bia, como é chamada no circuito.
Prodígio, ela evita comparações com Sharapova (campeã de Wimbledon aos 17 anos e conhecida entre outros fatores por sua estatura de 1,88 m) por não se parecer fisicamente e nem no estilo em quadra. Barulho nas devoluções? Não faz e nem gosta, embora respeite a ‘mania’ da russa. Ficar só no fundo de quadra? Também descarta usando um bom voleio.
Bia é pupila do técnico Larri Passos, que levou Gustavo Kuerten à elite do tênis quando ela ainda era um bebê. E embora a carreira ainda engatinhe, o desempenho e os números obtidos são expressivos e tratados como superficiais.
“Na idade dela o que menos vai importar para a gente é o ranking, que com certeza vai melhorar para o ano que vem, mas sempre com os pés no chão e visando daqui uns 4 ou 5 anos”, avisa o técnico Roberto Carvalho, que treina e viaja com ela enquanto Larri está ocupado com Thomaz Bellucci.
“A gente tenta fazer com que a Bia tenha uma diferença jogando na Europa pelo que ela começou a fazer esse ano. Ela teve oportunidade de jogar dois Grand Slams e ter um contato mais de perto com as grandes jogadoras. Tem que  visualizar mesmo o tênis que as meninas jogam na Europa, fugir um pouco da América do Sul onde a realidade de nível é inferior”, completa o técnico.
Destaque em todas as categorias que jogou, Bia é paulistana e mora em Balneário Camboriú (SC), a 800 km da família, desde o fim do ano passado. Ele teve de convencer Larri Passos a retomar o trabalho com mulheres depois de ele ter desistido após períodos com a eslovaca Daniela Hantuchova e a austríaca Tamira Paszek.
Canhota e com características físicas semelhantes à da tcheca Petra Kvitova, que neste ano surpreendeu Maria Sharapova para conquistar em Wimbledon o seu primeiro título de Grand Slam, é na sensação da temporada 2011 que ela tenta se inspirar
“Eu não conhecia, mas vi ao vivo a canhota que ganhou Wimbledon, a Kvitova. Eu acho que por eu ser canhota e grande, tenho usado o saque contra as meninas e eu vi que ela usa bastante, o forehand ela pega pesado, então acho que eu tenho que me espelhar nela”, afirma a tenista.
Dedicada aos treinos, Bia Maia é uma adolescente diferente das meninas de sua idade não apenas na estatura. Ela não gosta de badalações, evita sair e gosta de dormir cedo. Disciplina que obteve da família formada por esportistas. A mãe jogava tênis e o pai, basquete.
“Ela sempre teve facilidade para jogar e foi uma menina maior que as outras, mas sempre foi dedicada também. Ela tem esse lado de disciplina e dedicação que ajudou muito a crescer. A Bia é de dormir cedo, nunca foi de querer ficar saindo. Para a gente sair e comer uma pizza, é duro convencê-la”, afirma a mãe Lais Haddad, que tem encontrado algumas dificuldades para ver a filha. "Às vezes a gente se encontra só em aeroporto, é uma vida muito louca”, completa a mãe da tenista.
O único problema para Bia acaba sendo nos estudos. Ela cursa o primeiro ano do ensino médio e acaba tendo de improvisar para fazer provas e acompanhar o ritmo. O que ajuda é contar com outros tenistas em sua classe, além de duas meninas na academia que tem maioria masculina.
“Eu viajo muito e perco muitas provas, sempre tenho que estar levando uma apostila e pelo menos tentar dar uma olhada. É difícil, mas tentar dar uma olhada na matéria, dar uma lida. Porque quando você volta tem bastante coisa para estudar”, explica Bia Maia.


Fonte : uol.com.br



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