O temporal que desabou sobre o Rio de Janeiro logo após a conquista do título brasileiro do Fluminense inibiu, mas não impediu a festa dos tricolores por toda a cidade. Milhares de pessoas encheram as ruas, ficaram encharcadas e lavaram a alma com o bicampeonato nacional, conquistado após a suada vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, na tarde deste domingo, no Engenhão.
Na Zona Sul carioca, a principal área de comemoração, os bares receberam a presença de muitos torcedores extasiados com o fim da fila de 26 anos sem o caneco da competição. Apesar de alguns contratempos e até cancelamentos - como na sequência da festa programada para a Apoteose, na Marques de Sapucaí -, a alegria invadiu a madrugada.
Na Gávea, na Praça Santos Dummont, com os estabelecimentos lotados, as pessoas enfrentam a chuva nas ruas e não pararam de cantar nem por um segundo. Os principais hits, claro, eram o hino do clube, “Time de Guerreiros”, e “João de Deus”. Provocações aos rivais cariocas e, principalmente, ao Corinthians também ecoavam pelo bairro. Entre os heróis tricolores, Conca era o mais celebrado. Até pôster em tamanho real do surfista Kelly Slater com a faixa de campeão pintou no local.
Entre as quase 500 pessoas, torcedores de todas as idades se fizeram presentes. O conselheiro do Fluminense, Evaldo Freitas, levou o filho Rogério, e o neto Leonardo, de 11 anos, para comemorar. O garoto, que pela primeira vez viu o time conquistar o Brasileirão, fez questão de exaltar a conquistar do torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1970.
- Esse é o primeiro que vejo, mas o Fluminense é tricampeão – disse, sem pestanejar.
O estudante Guilherme Ziberman saiu direto do Engenhão para a Gávea e não se incomodou com a chuva.
- Não tem problema. Foram 26 anos de espera. Essa chuva veio em boa hora, para lavar a alma.
Entre as celebridades presentes no local, a atriz Fiorella Mattheis, o judoca Flávio Canto e o cantor Otto apareceram. Apenas um pequeno episódio, envolvendo dois torcedores, quase manchou a festa. Mas o princípio de briga foi apartado pelos próprios tricolores.
Em outro ponto...
Não muito longe dali, no Leblon, o bar Clipper recebeu cerca de 200 torcedores, que insistiam em fechar o cruzamento principal das ruas Ataulfo de Paiva e Carlos Góes e também não se incomodaram com a chuva. O momento mais alto do evento, no entanto, aconteceu por volta das 20h40, quando o ídolo paraguaio Romerito apareceu, de táxi, para vibrar com a galera. Muito solicito, atendeu a todos, recebeu abraços e bebeu até sua cervejinha.
- É muito lindo isso, eles merecem. Aliás, nós merecemos, né? Estou me lembrando muito de 1984, tomara que a comemoração dure um bom tempo - disse o ex-jogador.
Aos poucos, a dificuldade de movimentação por conta das poças dispersava alguns, mas a maioria seguia entoando gritos do Fluminense e encarnando nas pessoas que saíam de um cinema localizado do outro lado da rua.
- Enquanto eu vou à loucura com o Flusão, os “trouxas” estão quebrando a cabeça para entender o Woody Allen (diretor norte-americano que tem um filme em cartaz) - gritou um tricolor, que se atirava no colo dos amigos a cada dois minutos.
As faixas, quase todas registrando o tricampeonato (que ainda carece de homologação oficial da CBF), eram vendidas por R$ 5, inicialmente. Às 22h, já tinha ambulante pedindo os mesmos R$ 5 por duas, já que os torcedores haviam comprado as suas bem antes. Um deles resolveu exagerar e exibia dez delas pelo corpo. Só não quis tirar foto.
- É para a família toda, garanti logo um monte - avisou.
Fonte : globo.com
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