"O calendário prejudica muito no rendimento dos atletas. Os jogadores deveriam ser mais ouvidos em todos os aspectos. Afinal de contas, somos cobrados para dar o nosso melhor, para dar espetáculo sempre. A torcida quebra carro, ameaça e faz coisas absurdas. Ninguém protege o jogador. Teremos só 28 dias de férias antes de encarar uma temporada inteira até o dia 6 de dezembro", declarou.
Além de reclamar, Ronaldo fez um mea-culpa e admitiu que parte da responsabilidade pela situação é dos próprios jogadores de futebol. Ele citou exemplos de países nos quais os atletas costumam protestar e até paralisar o campeonato nacional em busca de melhorias. Para completar, criticou o trabalho do sindicato que representa a classe.
"Isso é muito culpa nossa, porque não somos uma classe unida. O sindicato não luta por nós. Eu, particularmente, não conheço ninguém do sindicato, ninguém nunca foi no clube perguntar a nossa opinião sobre qualquer coisa. Na Itália, na Argentina e na Espanha, os jogadores fazem greve até que tenham suas reivindicações atendidas. Temos que evoluir neste sentido e fortalecer o sindicato", afirmou.
Em um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ronaldo perguntou os motivos de os jogadores não contarem com aposentadoria, e usou sua influência para reivindicá-la. Na última segunda-feira, Carlos Eduardo Gabas, Ministro da Previdência, anunciou a criação de um fundo de pensão para atletas profissionais de futebol administrado pela Petros (fundo dos funcionários da Petrobras).
"Provavelmente, vocês devem pensar que jogador de futebol ganha muito, mas isso é um grave engano. 96% dos jogadores do Brasil ganham um salário mínimo", afirmou Ronaldo, o atleta mais bem pago do País em vencimentos e ganhos com publicidade. "É uma das classes que menos ganha no Brasil, mas a fama é que todo o jogador é rico", acrescentou o atleta.
Enquanto se prepara para disputar sua última temporada como jogador de futebol, Ronaldo não pensa apenas na própria aposentadoria. Ele planeja montar uma agência para planejar o final da trajetória de outros atletas no futuro e também admite a possibilidade de seguir os passos de ex-jogadores como Michael Platini, atual presidente da Uefa.
"Eu toparia (ser dirigente), mas teria que ser para mandar. Sabemos o quanto é difícil chegar lá em cima e ter o poder. Muitos falam que você busca o interesse próprio, mas eu compraria essa briga, porque é uma classe injustiçada", disse Ronaldo. "Se eu entrar, vou entrar para mudar. Para entrar nesse ramo, tem que entrar forte. No ano que vem, ainda vou ser jogador. Depois, veremos", encerrou.
Fonte : Gazeta Esportiva
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