Brasil mantém tradição de estreias apertadas: 2 a 1 sobre Coreia do Norte

Publicado  terça-feira, 15 de junho de 2010

Durante 55 minutos, o Brasil deu a impressão de que seria atingido pela seca de gols nesta Copa do Mundo. Teve uma atuação burocrática no primeiro tempo e adotou outra postura após o intervalo, afastando o assustador 0 a 0 e conseguindo dois belos gols. Um descuido defensivo no fim da partida, no entanto, determinou o placar de 2 a 1 sobre a Coreia do Norte, mantendo a tradição de vitórias apertadas em estreias. Desde 1982, o Brasil tem 100% de aproveitamento em suas participações iniciais, mas quase sempre por um gol de diferença - a exceção foi em 1994.

O resultado faz a seleção pular para a liderança

do Grupo G, superando Costa do Marfim e Portugal, que empataram por 0 a 0. Os dois gols brasileiros nasceram em passes milimétricos e terminaram em conclusões precisas. Maicon, eleito o melhor do jogo pela Fifa, abriu o placar e se tornou o primeiro lateral-direito da seleção a marcar em uma Copa desde Josimar, em 1986. E Elano fez o segundo.

O Brasil agora volta aos treinamentos para a sua segunda partida pelo Grupo G, às 15h30m (de Brasília) do próximo domingo, contra Costa do Marfim. Na segunda-feira, a Coreia do Norte tenta evitar sua segunda derrota seguida na Copa, enfrentando Portugal às 8h30m (de Brasília).

A previsão de frio na noite de Joanesburgo se confirmou, com 2º no começo da partida (e sensação térmica de -3º), obrigando cinco dos dez jogadores de linha na escalação inicial a usar luvas: Juan, Gilberto Silva, Felipe Melo, Kaká e Luis Fabiano. Na arquibancada, a torcida fez a sua parte, tentando esquentar o clima com seu grito preferido de "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" e dando a impressão de que a seleção estava em casa.

A ansiedade e a emoção de disputar a partida de estreia em uma Copa do Mundo ficaram evidentes antes mesmo de a bola rolar. Estavam estampadas no rosto do atacante Jong Tae-Se, destaque da Coreia do Norte, que chorava copiosamente na execução do hino nacional. Mas ficaram claras também pelo lado brasileiro, com o nervosismo de alguns jogadores. Logo no início, após dois ataques norte-coreanos pela esquerda da defesa, por exemplo, Juan chamou Michel Bastos para orientá-lo.

Após uns primeiros minutos de nervosismo, mas também de disposição para chegar ao ataque, o Brasil começou a encontrar dificuldades para entrar na área. O jeito foi buscar conclusões mesmo sem chegar a ela, em chutes de longe. Robinho foi o primeiro a tentar, seguido por Elano, ambos sem perigo. As melhores tentativas foram de Maicon, obrigando o goleiro a espalmar para escanteio, e de Michel Bastos, com a bola passando perto do travessão e raspando a rede.

A Coreia do Norte se postava com duas linhas de quatro jogadores próximas à área e se beneficiava da pouca movimentação dos brasileiros, que perdiam muito tempo tocando a bola para o lado, sem avanços pelas laterais. Kaká, principal responsável pela armação de jogadas, foi uma figura apagada na primeira etapa.

Enquanto durou a insistência em jogar pelo meio, o Brasil só conseguiu uma boa jogada, num passe de Luis Fabiano para Robinho, que virou e chutou fraco. Nos últimos dez minutos, o time comandado por Dunga - que assistia à partida sem reações exaltadas - enfim começou a explorar as laterais. Até Michel Bastos, visivelmente tímido no início, foi à linha de fundo - a primeira vez, aos 34 minutos. A opção mais explorada, no entanto, foi mesmo pela direita, com Maicon.

Na Coreia do Norte, a estratégia no primeiro tempo foi recorrer a contra-ataques, apostando no isolado Jong Tae-Se, que conseguiu boas jogadas individuais - deixando Juan no chão em uma delas - mas nenhuma conclusão à altura. A tentativa mais ousada, entretanto, foi de Mun In-Guk, que arriscou um chute do meio-campo. Não levou perigo algum, mas mostrou que àquela altura, aos 18 minutos, a Coreia já se soltava em campo.



Mudança de postura na segunda etapa

O Brasil voltou para o segundo tempo sem alteração, mas com as principais alternativas se aquecendo fora de campo. Se foi um aviso de Dunga de que trocaria alguma peça caso os defeitos do time persistissem, a estratégia funcionou. A seleção se esforçou em corrigir seus principais problemas, mostrando mais movimentação e explorando as laterais. E foi recompensada aos dez minutos. Elano esperou a ultrapassagem de Maicon e deu ótimo passe. Da linha de fundo, com pouco ângulo, o lateral percebeu que Myonge Guk deixava espaço em sua meta à espera de um cruzamento e arriscou direto para o gol, fazendo 1 a 0.

A vantagem no placar fez bem à seleção, de maneira geral, e a alguns jogadores, em particular. O time continuou se movimentando em campo, e nomes como Michel Bastos e Luis Fabiano subiram de produção. O primeiro emendou, em um só lance, um drible entre as pernas e uma meia-lua pela lateral. O segundo esteve perto de fazer 2 a 0, após um passe de Robinho, em uma rara jogada de contra-ataque. Matou no peito, driblou um adversário, mas chutou por cima do gol.



Da intermediária, Robinho acertou outro passe, espetacular, para Elano chutar sem precisar dominar, marcando o segundo gol do Brasil, aos 26 minutos. Foi o último lance do meia, que na primeira etapa havia sido um dos que mais tentaram fugir da atuação burocrática. Daniel Alves entrou em seu lugar. Cinco minutos depois, Nilmar substituiu Kaká, forçando o posicionamento mais recuado de Robinho, o que já vinha acontecendo.

Em seu primeiro lance em campo, Nilmar recebeu passe, buscou espaço e chutou para defesa do goleiro. A essa altura, o domínio brasileiro na partida era completo, transformando Julio Cesar em um mero espectador. Dunga ainda fez sua terceira substituição, trocando Felipe Melo por Ramires, que levou o único cartão amarelo da partida. No finzinho do jogo, a Coreia ameaçou duas vezes. E em uma delas conseguiu marcar, após lançamento feito do meio-campo que pegou Maicon desatento e terminou com a conclusão de Yun Nam, aos 43 minutos, sem chance para o goleiro brasileiro.

A seleção deixou o campo do Ellis Park com seu principal objetivo cumprido. Somou três pontos, mas não obteve o bônus de uma boa margem no saldo de gols contra a seleção de pior colocação no ranking da Fifa (105º lugar) entre as 32 participantes.

Fonte: Globoesporte

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