Entrevista da Lance.NET com o Rei.
Um rei nunca perde a majestade. Muito menos o rebolado. Nem na hora de cornetar. E tampouco para analisar os invejosos que sonham em roubar seu trono. Pelé provou mais uma vez porque continua dono do cetro nesta segunda-feira, num almoço a que o LANCENET! teve acesso em restaurantes do Jardins, em São Paulo. Mesmo diplomático, o Rei do Futebol não deixou de dar a sua opinião sobre vários assuntos.
Com um sorriso aqui e uma resposta evasiva ali deixou claro, por exemplo, o que achou do gol de Luis Fabiano e das declarações polêmicas de Maradona.
Pelé: Acho que ele pegou um pouco dos dois. Deu uma de Pelé, com o chapéu, e uma de Maradona, ajeitando com a mão (risos).
L!: Ficou magoado com as últimas declarações de Maradona, inclusive aquela de que você deveria ir para um museu?
P: Todo mundo sabe que Maradona me ama. Ele me adora. Quando inaugurou o programa de TV na Argentina, me chamou. Fizeram uma festa de arrecadação de dinheiro no Boca Juniors e também estive lá. Maradona me ama! Sempre que tem algum evento em que precisa chamar a atenção faz isso, me homenageia. E essa foi mais uma (risos).
L!: Por falar em Copa, já temos alguma revelação para esta edição na África do Sul?
P: Nesses primeiros jogos não teve ninguém que pudesse aparecer como uma futura estrela. O destaque ainda foi Messi, pelo jogo que fez. Assisti ao jogo de Cristiano Ronaldo (Portugal venceu a Coreia do Norte ontem, por 7 a 0) e depois de um tempo ele voltou a marcar. Mas ainda não pode se considerar nada aí. A Copa está no começo, vamos esperar.
L!: E a Seleção Brasileira de Dunga, será que vai longe?
P: Pô, mal cheguei aqui e já me perguntam isso! Achei que a conversa ia ser mais tranquila (risos). Todo mundo sabe que sempre apoiei Dunga, desde o começo. Infelizmente, hoje o futebol é vitória. E o nosso técnico ganhou a maioria dos jogos (aproveitamento de 78%) e títulos importantes (Copa América-2007 e Copa das Confederações-2009). Como vou criticar?
L!: O Brasil enfrentou Portugal na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. E você foi caçado em campo. O que acha que pode acontecer no jogo de sexta-feira?
P: Jogar contra equipes de tradição, principalmente as europeias, é sempre difícil. Mas já enfrentamos Portugal há pouco tempo e ganhamos (Brasil 6 x 2 Portugal, em dezembro de 2008, em Gama). Na Copa é outra história. A minha não foi muito boa, mas agora existe mais proteção. Tem muita câmera. O cara toma amarelo e na próxima evita exagerar para não levar vermelho. Para Pelé não tinha isso. Mas mesmo assim deu para fazer mil gols (risos).
L!: Mudou muita coisa mesmo. As pessoas, inclusive. Parece que, apesar da longa espera pela Copa, saem logo criticando, mal aproveitam a competição...
P: Hoje o futebol é mais para vendas, programas de televisão, mídia. Tem de criar, inventar... Você vê que a tradição das camisas, o respeito entre os adversários... não é a mesma coisa. O goleiro põe a camisa que quer, com desenho, lilás. Os jogadores vão tudo de chuteira colorida, brinquinho na orelha (risos). Houve uma mudança grande. Mas não tem jeito. Temos de acompanhar a evolução do tempo e respeitar.
L!: E depois de tanto tempo até voltará a ter uma Copa do Mundo no Brasil. Mas a organização já apresenta problemas...
P: Essa coisa de se preocuparem quatro anos antes da Copa não me aflige. As notícias são sempre aumentadas. Todos os países-sede tiveram alguns problemas. E o Brasil, com o tamanho que tem, também. Mas eu tenho certeza de que vamos fazer a Copa do Mundo. E uma coisa de que estou de acordo é que não se use dinheiro público para os estádios. Temos exemplos no Japão e Coreia do Sul (que abrigaram a Copa do Mundo de 2002), de lugares que não tinham condições de manter o público depois e tem problemas sérios.
L!: E o Morumbi, deveria ser um dos estádios de São Paulo?
P: O Morumbi é de uma equipe privada. Não sei se o São Paulo teria dinheiro para fazer a reforma exigida pela Fifa. Se tiver, tudo bem. Mas tem de ser bem pensado, porque só depois só vai ser usado por um time.
L!: Se você pudesse escolher o estádio, sem pensar nos gastos de uma reforma, qual seria?
P: O Brasil inteiro tem História para estar na Copa. Acho que se fosse pensar por tradição, teria que ser o Pacaembu, com reformas que o deixassem em condição. As pessoas esquecem, mas Wembley era a catedral do futebol, intocável, não podia mexer, e fizeram um novo, maravilhoso, então... Mas tem terrenos em que dá para se pensar em algo novo.
Fonte: Lancenet
Rei define golaço: 'Chapéu de Pelé e mão de Maradona'
Publicado terça-feira, 22 de junho de 2010
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