Goiás quebra jejum, vira jogo, rouba 4º lugar e gera crise no Flamengo

Publicado  domingo, 6 de junho de 2010


Num jogo de muitos passes errados - 59 do Flamengo contra 54 do Goiás, totalizando 113 -, venceu quem errou menos e aproveitou melhor as chances. O Goiás pôs fim a um jejum de 24 anos (ou 14 jogos) de vitórias sobre o Flamengo no Rio de Janeiro - o último triunfo havia sido em 1986 - e, de virada, bateu o rival por 2 a 1, na noite deste sábado, no Maracanã. Hugo e o estreante Otacílio Neto entraram e marcaram no fim da partida os gols do triunfo esmeraldino, que rouba o quarto lugar do Rubro-Negro na tabela do Brasileirão antes da parada para a realização da Copa do Mundo e põe a equipe carioca em crise - a torcida vaiou e ofendeu o time com gritos de protesto aos jogadores e ao técnico Rogério Lourenço e coro de "queremos jogador".

A equipe rubro-negra, que abriu o placar no início do segundo tempo com Toró, permanece nos 9 pontos ganhos, cai para a sexta posição e terá de torcer por tropeços dos rivais neste domingo para não perder mais posições. O Esmeraldino, em sua terceira vitória seguida, fica no G-4 com 10 pontos ganhos também à espera do desfecho da rodada. Os dois times voltam a jogar no Brasileirão em 14 de julho, após o fim do Mundial na África do Sul. O Flamengo terá o clássico com o Botafogo, e o Goiás vai a Minas encarar o Cruzeiro.

Muitos passes errados
Se na segunda etapa a partida cresceu em nível técnico e em emoção, o primeiro tempo foi duro de se ver para quem compareceu ao Maracanã ou acompanhou pela TV. As duas equipes, juntas, conseguiram dar 66 passes errados - 37 do Flamengo e 29 do Goiás - em 45 minutos. O resultado de 0 a 0 acabou justíssimo. Para se ter uma ideia, demorou apenas 15 minutos a paciência da torcida rubro-negra. Debaixo de chuva, via o time sucumbir à boa marcação do Goiás na saída de bola. Sem Petkovic no meio-campo e Vagner Love no ataque - os dois estão contundidos -, ficava mais difícil sair jogando e ainda consertar os erros que já vinham de trás. Michael e Vinícius Pacheco erravam passes em demasia e arrancavam as primeiras vaias. Bruno Mezenga, de malas prontas para o Légia, da Polônia, e convocado às pressas para fazer a última partida no clube que o formou, voltava a decepcionar.

A sorte do Flamengo foi que o Goiás não soube aproveitar os erros. O time goiano marcava bem, o meio-campo roubava as bolas, mas partia lento para o ataque e criava pouquíssimas chances. Nem Romerito estava inspirado. A primeira oportunidade do Esmeraldino surgiu aos oito minutos, num lance de bola parada. O Alviverde aproveitou-se de dois erros do zagueiro Welinton - perdeu a bola na frente e depois cometeu a falta sobre Everton Santos, que Bernardo desperdiçou por cima do travessão. Aos 19, David, ao sair jogando, deu "presente", Jonílson bateu rasteiro, Bruno encaixou. Mas o maior foi aos 37. Bruno Mezenga, recuado, "lançou" o adversário. Bernardo arrancou, mas demorou a finalizar, dando chance a Welinton de se redimir.

Com os erros de passe, sem criação no meio-campo e com os laterais em péssimo dia - Léo Moura e Juan não davam sequência às jogadas -, a única boa jogada rubro-negra foi do volante Toró, o único que se salvou na primeira etapa. Aos 31 minutos, ele arrancou do meio-campo, fez fila e se jogou na entrada da área. O árbitro caiu no conto. Bruno cobrou por cima, para fora. A bola, no primeiro tempo, não merecia entrar.

Camacho entra, Fla melhora

O técnico Rogério Lourenço trocou o volante Maldonado, lento em campo, pelo meia Camacho. E logo aos 18 segundos o garoto rolou para Mezenga, que chegou atrasado e perdeu a primeira chance. O atacante rubro-negro tentou se redimir logo depois e, ao driblar Rafael Tolói e Wellington Saci, bateu cruzado para boa defesa de Calaça.

O panorama do jogo mudou para o Flamengo. Mezenga até arriscava de fora da área - só que nas mãos de Calaça. Dois minutos depois, aos seis, a jogada pela lateral funcionou, e o Flamengo descobriu o caminho do gol: Camacho rolou, Léo Moura foi ao fundo e centrou rasteiro, Vinícius Pacheco deixou a bola passar para Toró, que vinha de trás e bateu de canhota, à esquerda do goleiro goiano, premiando a atuação aplicada do camisa 5 rubro-negro.

O Goiás tentou retomar o controle da partida. Em jogada individual, Wellington Saci obrigou Bruno a boa defesa, aos 14. Mas o Flamengo estava mais acordado, e no contra-ataque perdeu uma chance de matar a partida em arrancada de Vinícius Pacheco, que bateu cruzado. Mezenga ainda tentou alcançar a bola, mas não conseguiu.

Virada esmeraldina

Leão mexeu no Esmeraldino, sacando o cansado Romerito para promover a estreia de Otacílio Neto. Pouco depois, trocou Bernardo por Hugo. Deu certo. A equipe esmeraldina equilibrou o jogo. Rogério resolveu mudar novamente, trocando Vinícius Pacheco pelo garoto Diego Maurício. E Leão partiu para o tudo ou nada, tirando Wellington Monteiro e pondo outro atacante, Rafael Moura. Pouco depois, a equipe rubro-negra perdeu o seu melhor jogador, aos 33: após entrada dura em Everton Santos, Toró levou o cartão amarelo e saiu contundido. Fernando entrou em seu lugar.

Dos jogadores que entraram, Diego Maurício foi quem teve a primeira chance de sair consagrado, mas perdeu dois gols no espaço de um minuto. Na primeira chance, aos 34, recebeu de Camacho, que roubou bola no meio-campo. O atacante avançou e tocou para fora. Na outra, no minuto seguinte, bateu fraco, e a bola tocou em Amaral e foi para escanteio.

Sorte para o Goiás que Hugo não desperdiçou a que teve. Aos 39 minutos, bateu falta cometida por Wellnton na gaveta, à esquerda de Bruno, empatando a partida. Três minutos depois, o estreante Otacílio Neto compareceu para o gol da virada e da vitória: Douglas bateu, Bruno socou, depois se atrapalhou ao tentar socar novamente. Otacílio Neto chegou e mandou para as redes. E venceu quem errou menos e arriscou mais.

Fonte: Globoesporte

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